sábado, 22 de agosto de 2009

Mátria amada


Se existe uma coisa que aborrece de verdade são aquelas pessoas que tem um prazer quase sexual em falar mal do Brasil. A impressão que da é que, à medida que denigrem a imagem da própria terra natal, esses indivíduos enaltecem a si próprios, como a flor que nasce do estrume.
Mas a indignação maior reside no fato de que, geralmente, esse tipo de “cidadão” não conhece o mínimo da história, costume ou até mesmo geografia do país. Não são capazes de apontar no mapa onde exatamente fica o Pantanal ou o recôncavo baiano, ou ainda se determinado sotaque é da Paraíba ou da Bahia, mas estão sempre prontos a afirmar que não vivemos em um país sério.
Há ainda a freqüente argumentação de que “o brasileiro é picareta”, “malandro” ou coisa do tipo. Mas aí resta uma dúvida: qual brasileiro? O Macapense? O Manauara? O Macuxi? O Paulistano? O Curitibano? Ou o Carioca mesmo? Sim, porque só alguém realmente alheio ao que seja o Brasil para estereotipar a população do país mais miscigenado do globo terrestre.
Mais do que miscigenação pura e simples, o segredo do Brasil é o que o poeta e compositor Jorge Mautner define como Amálgama cultural. O autor de “O deus da chuva e da morte” afirma que esse fenômeno social não é nenhuma novidade por aqui, pois "Quem definiu o Brasil, pela primeira vez, como um amálgama que nos diferencia de todos os outros países foi José Bonifácio, em 1823. Amálgama é um retrato, uma alquimia do Brasil”.
O que há de concreto é o fato de sermos um país de capitalismo derivado e tardio, dependente de sistemas capitalistas centrais como o norte americano. Essa dependência implica na importação de algo mais lesivo à consciência de nação do que produtos industriais e tecnologia: a importação de cultura.
Até onde os tentáculos do império estadunidense podem alcançar, sua língua, culinária, esportes e seriados televisivos, incorporam-se aos costumes locais como algo natural. A essa cultura importada e incorporada pela classe burguesa, atribui-se a formação do pensamento de muitos compatriotas, principalmente do Sudeste brasileiro (paradoxalmente a região mais “desenvolvida” do país), ao vislumbrarem no Brasil uma imagem atrasada e corrompida, idéia tão cara aos olhos de produtores Hollywoodianos.




da Série:
Mãe, fiz Direito, mas quero ser poeta...

Na Rua

A falta de trânsito
A sombra de dúvida
Espelho e corredor

A falta de tempo
A sobra do almoço
Calçada e cobertor

A falta de trampo
O samba de roda
Dança e tambor

Medo e malícia
O peso da preguiça
A falta de amor.





Eu morri há 20 anos atrás.

Se o Maluco beleza ressuscitasse hoje, teria a impressão de que 21 de agosto de 1989 fora realmente o dia em que a terra parou, pois, assim como na data de sua morte, o Sarney (então presidente) continua mandando no Brasil, Edir Macedo (inspiração para a música “Pastor João e a igreja invisível”) continua vendendo salvação e Paulo Coelho (parceiro em tantas obras primas como Gita) continua fazendo sucesso. Talvez este último o surpreendesse pela qualidade (ou falta dela) em seus livros. Aliás, não percam tempo com o filme “Veronika decide morrer” (estréia nesse fim de semana). Não vale um grão de milho estourado.

E VIVA A SOCIEDADE ALTERNATIVA!!!

Nenhum comentário: